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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Museu da Cretinice Nacional

por Augusto Antunes

Entre os melhores-piores instantes de Dilma Rousseff no Roda Viva, Celso Arnaldo separou o que será eternizado numa placa de bronze ao lado da entrada do Museu da Cretinice Nacional, obra prevista no PAC 171. Em letras garrafais (e desenhos, para que Lula entenda o que está escrito), será reproduzido o seguinte momento histórico:

É sabido que Dilma, quando fala sério, é uma piada. Quando brinca, é uma tragédia.

Nos momentos derradeiros do Roda Viva de ontem, já num clima mais descontraído, o Sérgio Dávila, editor da Folha, pergunta a ela se prefere ser chamada de presidente ou presidenta:

– Cê sabe que há uma polêmica, Sérgio, sobre isso. Uma polêmica que é a seguinte. Tem gente que fala, então, você, outro dia fala assim, então se é presidenta, cê vai chamar agora motorista de motoristo, entendeu? Já tá dando toda a, vamu dizê assim, a polêmica que a gente tava esperando que desse.

Os jornalistas do Roda Viva riram – não pela piada, mas certamente pela grotesca analogia.

Mas faz sentido: com Dilma presidenta, os colegas da VPR passarão a ser chamados de terroristos; os aloprados do PT, de vigaristos.

Dilma às vezes soa como dementa.

Assista:

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Aproximação da eleição presidencial deixa Caio Fábio mais agitado contra Julio Severo


Julio Severo
Dou graças a Deus que, em minha responsabilidade de desmascarar o falso messianismo político de Lula e suas políticas pró-aborto e pró-homossexualismo, não temos mais um supremo líder evangélico no Brasil, para usar maliciosamente sua função para definir e impor o que é ou não politicamente correto e para ditar o que podemos ou não fazer. Se, por exemplo, Caio Fábio não tivesse mergulhado em escândalos sexuais e financeiros há uma década, é certo que sua posição elevada traria hoje muitos problemas e perseguição aos que ele arrogantemente classifica de “profetinhas”.



Contudo, com ou sem Caio Fábio, o Blog Julio Severo vem denunciando todo sistema que se coloca no lugar de Deus. E o socialismo é um desses sistemas — provavelmente o principal —, que anseia o próprio trono de Deus — exigindo ter o controle central na mente, coração, família e outras esferas de cada pessoa.
O Blog Julio Severo vem expondo as políticas pró-aborto e pró-homossexualismo de Lula, cuja proeminência eleitoral entre os evangélicos foi um efeito das ações dissimuladoras de Caio Fábio no passado.
O Blog Julio Severo sempre denunciará os socialistas e suas políticas que, direta ou indiretamente, trazem prejuízos ao Brasil, deificando o Estado, sacralizando o aborto e o homossexualismo e demonizando Deus e seus mandamentos.
É claro que o Blog Julio Severo não poderia também deixar de denunciar Caio Fábio que, além de ter preparado o terreno evangélico para Lula no passado, tem feito declarações suspeitas sobre homossexualismo, inclusive com as seguintes pérolas de sua “graça”:
Os únicos homossexuais que eu já vi serem “curados” são os que nunca foram.
Eu não tenho dúvida de que em muito breve ficará definitivamente provado — já se caminha com muita rapidez para isso — que a homossexualidade tem como fator preponderante a genética.
Há pessoas homossexuais que nunca praticaram um único ato homossexual, mas nem por causa disso deixaram de ser. São os eunucos por amor ao Reino de Deus.
É uma pena que não haja liberdade para as pessoas dizerem quem são.
(Declarações oficiais de Caio Fábio em seu site pessoal.)
Sobre Caio Fábio e aborto, leia este excelente artigo da escritora Norma Braga: Um aconselhamento para morte.
Mesmo com sua influência extremamente baixa hoje, Caio Fábio tenta voltar ao cenário das conexões políticas, desta vez apoiando oficialmente a socialista evangélica Marina Silva para presidente. Confira aqui vídeo de Caio (de bonezinho à la Fidel Castro, mentindo “graciosamente” que não mistura política com Evangelho) apoiando Marina: http://www.youtube.com/watch?v=HEJknb0NEfA
O apoio dele a Marina, que veio das entranhas do PT e jamais usou sua posição ministerial no governo Lula para incomodar as muitas e variadas políticas pró-aborto e pró-homossexualismo do governo petista, deve-se aos seus fervorosos sentimentos ambientalistas, os mesmos sentimentos que o inspiraram a fazer as seguintes declarações:
Para mim, esse universo é sagrado. Eu poderia simplesmente dizer que ele é descriado, que ele existe por si só, que ele é o que é, que a única coisa que existe é ele, que ele é Deus por existir em si mesmo, por ser a causa de si próprio. É um Deus inconsciente de si mesmo.
O sagrado habita o mundo inteiro.
Se não tenho uma visão que sacraliza o cosmos e toda a criação, eu preciso no mínimo fazer uma segunda reflexão.
Pode-se dizer que a Índia é um país tecnologicamente atrasado, em que há elevadíssimo índice de pobreza, miséria, superpopulação e outras coisas mais. Mas ela continua sendo exemplo de sociedade que olha para o cosmos como algo sagrado, numa visão completamente diferente da nossa.
Por isso, estranhamente, tenho que lhes dizer que o animismo presta serviços à bioética, de natureza muito mais prática, na hora em que, ignorantemente ou não, vê significado espiritual na existência de todos os entes criados. Nós não.
Chegamos a um ponto em que se estabeleceram para nós ironias extraordinárias. A primeira: o Ocidente cristão, especialmente a sua versão protestante, tornou-se a parte da humanidade que mais ofende a criação. O homem existe num universo sem nenhuma sacralidade. A segunda: as sociedades animistas são extremamente menos ofensivas à criação do que nós.
Senão, vejamos: os 3 primeiros capítulos do Livro de Gênesis: ou o indivíduo parte para aquela leitura completamente literal e fundamentalista, que quer transformar a Bíblia num manual científico de como o mundo foi formado, algo absolutamente tolo.
Chama toda a consciência do Evangelho para uma integração dela com a sacralidade da criação e com a reverência pela criação.
Enxergo a ética de preservação da vida num mundo no qual a própria presença humana na Terra significa a maior ameaça de devastação.
O extraordinário e ao mesmo tempo irônico e contraditório é que essa presença humana na Terra, inteligente e autoconsciente, é a maior, e talvez seja a única, ameaça à própria Terra e que as demais manifestações de vida na Terra conheçam.
Nunca antes nada foi tão ameaçador por mais catastrófico que tenha sido do que a presença humana na Terra.
É a nossa presença aqui que carrega em si a possibilidade da autodestruição.
(Declarações oficiais de Caio Fábio em seminário do MEP na Câmara dos Deputados em 2004)
Marina Silva era ministra do meio-ambiente no governo Lula. Dá para estranhar então o apoio de Caio a ela para presidente agora?
Em entrevista recente, ela disse que, caso vença as eleições, não irá se opor à união civil entre pessoas do mesmo sexo. De acordo com notícia publicada no site da VINACC, ela também declarou: “Minha posição pessoal não se coloca relevante para o Estado e para políticas públicas. Minha posição pessoal é à luz da minha fé, não tenho como pensar diferente. Em relação a discriminar qualquer pessoa, o Estado não vai fazer isso de forma alguma”. Com Caio Fábio como conselheiro “espiritual”, seria possível ela pensar diferente?
“Minha posição pessoal não se coloca relevante para o Estado e para políticas públicas”. Essa postura de Cristianismo passivo e inerte na política é tudo o que os secularistas querem dos cristãos. Por que ela não disse logo sem rodeios: “Na esfera política, meu Cristianismo pessoal estará fora de ação. Mas meu socialismo de longa data estará ativo e a pleno vapor!”?
Certamente, ela não vai legalizar o aborto e o “casamento” homossexual, mas se os militantes quiserem abrir essa porta, ela poderá simplesmente dar de ombros e dizer: “Quem sou eu para impedi-los?” Além disso, há sempre espaço para adaptar e atualizar o estilo evasivo de Lula de responder “não sei de nada, não vi nada”.
Quando era relatora de uma comissão parlamentar que estava “analisando” a questão do aborto, Marina preferiu deixar a relatoria — a fim de não desagradar à postura pró-aborto do Partido das Trevas — do que deixar sua posição cristã pessoal ser relevante. Se o PT queria a aprovação do aborto nessa comissão, Marina fez a gentileza de sair do caminho. O próprio diabo não poderia querer mais de um cristão.
É evidente que os militantes pró-homossexualismo e pró-aborto estão torcendo pela vitória de Dilma Rousseff, mas qual deles vai reclamar que uma vitória de Marina é derrota automática para suas ambições ideológicas? Aliás, entre Marina e Rousseff não há nenhuma briga — pelo menos não a nível ideológico.
No entanto, por conveniência política, Marina deixou o PT, porque a alegada ex-terrorista Rousseff se tornou a favorita petista para a candidatura presidencial.
Hoje, Marina é filiada ao Partido Verde (PV), cujo presidente, Fernando Gabeira, era igualmente terrorista comunista no passado. Gabeira é a favor do homossexualismo, do “casamento” de mesmo sexo, do PLC 122/06 e também do aborto. E como Marina já sinalizou que não fará oposição, há pouca probabilidade — para a alegria das hordas socialistas — de que o chefão Gabeira enfrente dificuldades para impor sobre o Brasil suas insanidades ideológicas. Com Marina na presidência, o PV de Gabeira dominará o Brasil, com sua eco-idolatria terrorista ao gosto de Caio Fábio.
Os primeiros passos já estão sendo dados: o PV lançará oficialmente a candidatura do chefão de Marina para governador do Rio. Agora, Caio dá a mão para Marina, ela para Gabeira, e juntos cantam: “Dorme, dorme em berço esplêndido, Brasil, pois queremos te transformar do mesmo modo que fomos transformados!” Não muito longe, estão Lula, Dilma e os outros candidatos concorrentes, cantando: “Dorme, dorme em berço esplêndido, eleitor…”
Anos atrás, a estranha graça de Caio Fábio o levou a designar o xiita ultra-ambientalista Al Gore, que é estridentemente pró-aborto e pró-homossexualismo, como um genuíno profeta — na verdade, um falso profeta que há muito canta: “Dorme, dorme em berço esplêndido, toda a raça humana…” Nesse ponto, talvez a própria Marina já tenha recebido o título de “profeta” também. Mas para Severo, a bondade caiofabiana reserva apenas designações pejorativas, fofoqueiras e maliciosas, como “profetinha”. É nisso que dá Severo não ser como Al Gore: perde a graça caiofabiana.
É no contexto do recente apoio oficial de Caio Fábio à socialista Marina Silva que o time caiofabiano lança dois vídeos contra Julio Severo, onde o próprio Caio Fábio ataca Severo com várias acusações. A principal acusação se baseia em informações supostamente coletadas de pessoas que conviveram com Severo no seminário. Nos vídeos, Caio alega que graças a esses seminaristas que estudaram com Severo no seminário, ele sabe tudo sobre Severo, inclusive sobre supostas questões homossexuais “secretas”. Confira aqui vídeo esclarecendo sobre Caio atacando Severo: http://www.youtube.com/watch?v=3htQU15yZx8
Só há um detalhe: Julio Severo jamais foi seminarista, nem estudou em seminário.
Nos vídeos, Caio Fábio faz muitas outras insinuações maldosas de Severo, as quais são tão reais quanto o imaginário seminário caiofabiano onde estudou Severo.
Evidentemente, essa não é a primeira vez que Caio Fábio exibe sinais da síndrome do “crescimento do nariz”, moléstia peculiar que afetou Pinóquio. Para ajudar a promover Lula entre os evangélicos no passado, ele precisou desempenhar, em elevado grau, a arte da dissimulação. E para ajudar agora outros socialistas a receberem apoio dos evangélicos, ele precisa enganar sobre tudo — inclusive sobre Severo.
Mas, seja por meio de Julio Severo ou de outros autênticos seguidores proféticos de Jesus Cristo, todos os dissimuladores como Caio Fábio e suas dissimulações serão desmascarados — agora e sempre. Aliás, são exatamente aqueles que ele zombeteiramente chama de “profetinhas” que Deus está usando para derrubar os Golias da dissimulação.
A graça fingida de Caio Fábio leva a intrigas e fofocas e a uma mente doente cheia de amargura. Leva também a posturas e opiniões maliciosas, traiçoeiras e dissimuladas sobre aborto, homossexualismo e meio-ambiente. Mas o que vem de Deus age em nós de forma muito diferente:
“A graça de Deus nos treina para evitar vidas ímpias cheias de desejos mundanos de modo que vivamos vidas com domínio próprio, integridade moral e dedicação a Deus neste presente mundo”. (Tito 2:12)
É por causa dessa graça que, nestes tempos de trevas dentro e fora de algumas igrejas, não estou dormindo. Estou no posto da sentinela, alertando muitos para acordarem de seu berço esplêndido.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ESPERANDO O MAHDI

David Borensztajn


David Borensztajn

O teatrólogo Samuel Beckett esperava Godot. Outros esperam o trem ou a hora de ir para algum destino e o Líder Supremo do Irã, juntamente com o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, esperam o Mahdi. Mas, quem é esse personagem do qual tão pouco se ouve falar, seja na mídia televisada ou naquela escrita? Vou tentar resumir de quem se trata, e a razão pela qual é tão ansiosamente aguardado.

O criador do islamismo, Maomé, morreu sem deixar claramente um sucessor, o que provocou um cisma que perdura até hoje, entre xiitas e sunitas.

Os xiitas sustentam que Maomé designou Ali, seu genro, como seu sucessor, argumentando que era impossível que Allah tivesse deixado em aberto a liderança dos seus fiéis e que a possibilidade de uma eleição entre os mesmos poderia escolher uma pessoa errada (será que não gostam da democracia por causa disso?).

Os sunitas, por sua vez, elegeram Abu Bakr, um companheiro de Maomé como califa, que quer dizer sucessor ou mensageiro de Deus. Os sunitas são assim chamados por serem os seguidores das Sunas ou Tradição do Profeta. Ali foi o terceiro sucessor de Abu e os xiitas o consideram o primeiro “Imã” (ou Imame), ungido divinamente e o sucessor masculino do profeta Maomé. Essa denominação tem reflexos até hoje, como veremos.

O final da linhagem direta de Maomé veio com Muhammad-al Mahdi ou Mahdi, o “décimo segundo Imã” ou Imã escondido como também é chamado, e que teria desaparecido ainda criança no funeral de seu pai Hassan al-Askari. Ele teria na verdade apenas se ocultado até o dia de seu retorno, que traria o fim da maldade no mundo. Um dado importante é que sob a ótica dos xiitas o domínio islâmico de todo o mundo se dará com a volta dele, já que possui um conhecimento secreto, passado de imã a imã, vital para a liderança da comunidade. Ou seja, o retorno dessa espécie de messias tornará a todos muçulmanos e a paz reinará no planeta sob a Sharia, a lei islâmica.

Em 2005, ao tomar posse da presidência do Irã, Ahmadinejad declarou sua intenção de apressar a vinda do Imã Mahdi e quem ouviu o discurso dele aqui no Brasil notou que logo no seu início ele agradeceu a Allah e ao 12° Imã! Mas isto passou em branco para a mídia e para a comunidade judaica que parece ignorar ou fingir que ignora os fatos.

Se considerarmos que o Mahdi comandará um exército que reconquistará Israel para o Islã, exterminará os judeus e fará de Jerusalém a capital de onde reinará sobre o mundo todo, teremos um quadro perfeito e acabado da razão pela qual os discursos da liderança iraniana exalam tanto ódio aos judeus e a Israel. Não podemos esquecer, tampouco, o que diz o próprio Corão a respeito dos judeus e já houve quem se desse ao trabalho de comparar o ódio aos judeus do livro sagrado à obra de Hitler (Geert Wilders, o deputado holandês que está sendo processado justamente por isto) e chegou-se à conclusão que Mein Kampf é mais benevolente…

Todas as análises do que vem ocorrendo no Oriente Médio, especialmente em relação a Israel e ao Irã, só falam sob o ângulo da política, da geopolítica, de terras, do pretendido domínio do mundo muçulmano pelos iranianos, sem atentar para o lado religioso que, a meu ver, não pode ser descartado, já que orienta a conduta de seus líderes Ali Khamenei e o seu protegido Ahmadinejad.

Raymond Aron, o famoso jornalista e cientista político francês que deixou uma obra bem vasta, disse em certa ocasião que ao analisarmos o comportamento de um líder “não poderíamos deixar de levar em conta a sua estupidez”. Hoje não podemos por de lado as crenças religiosas de certos líderes que se julgam os mensageiros de um livro e de uma crença. Os atentados suicidas espantam os ocidentais, mas não causam surpresa entre os muçulmanos que crêem que os shaeeds – mártires – vão alcançar o paraíso prometido pelo Corão.

Para um país como o Irã, com um Líder Supremo que já disse para o mundo ouvir que “ainda que morressem 50 milhões de muçulmanos (iranianos) num confronto nuclear, mas que Israel deixasse de existir, o sacrifício teria valido a pena”, devemos necessariamente levar em conta o fator religião, pois só esta explica realmente toda a motivação da política deles e a razão pela qual estão obcecados com a obliteração do Estado Judeu.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mundo tem que decidir se vai aceitar o Irã com bomba, diz especialista



Por Amauri Arrais, do G1:
A aprovação de uma nova rodada de sanções - a quarta - contra o programa nuclear iraniano pelos países que compõem o Conselho de Segurança da ONU é menos uma solução para o problema e mais a construção de um consenso para o próximo passo, que pode ser o uso de força militar, afirma o professor de relações internacionais Heni Ozi Cukier.

“O que pode acontecer agora, no máximo, é eles [iranianos] acelerarem o programa nuclear por sentir que o cerco está se fechando. O intuito é ganhar tempo, e é o que estão fazendo há dez anos e vão continuar até terem a bomba atômica. O que o mundo tem que decidir agora é: ‘Vamos aceitar o Irã com bomba atômica ou impedir isso usando a força?’”, disse por o professor, que é mestre Resolução de Conflitos Internacionais pela American University, de Washington.

Na opinião de Cukier, que já atuou no Conselho de Segurança da ONU, a aprovação de resoluções com novas sanções têm um efeito limitado, difíceis de aplicar na prática, e um significado simbólico de pressão política e construção de consenso.

Ele destaca, no entanto, com um dos pontos importantes da resolução aprovada nesta quarta pelo conselho a proibição da venda de armas como uma das medidas de maior impacto até aqui. “É uma sanção mais difícil de burlar, que implica na venda dos mísseis que o Irã comprou da Rússia, os S-300″, diz.

Brasil
No que diz respeito ao voto contrário do Brasil, o professor de relações internacionais da ESPM afirma que o país demonstrou “imaturidade” ao lidar com o assunto.

“Se até os aliados iranianos como China e Rússia votaram a favor, o Brasil votar contra não tem sentido. O Irã está descumprindo normas internacionais, e não são os EUA que dizem isso. Se o Brasil votasse a favor não estava indo em direção ao que os EUA querem, mas andando junto com a comunidade internacional, com a ONU e com a AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica], que dizem que o Irã viola suas obrigações.”

Na opinião de Curkis, a política externa brasileira tem revelado um “viés ideológico” e “quase que uma obsessão” em tentar mostrar posições autônomas. O analista vê ainda na posição brasileira marcas de “ambições pessoais do presidente Lula de se mostrar com interlocutor mundial e outro status que ainda não detém, relacionado aos conflitos internacionais.”

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O gerente da fábrica de mentiras

Por Augusto Nunes

O presidente Lula aproveitou a visita à fábrica da Volkswagen no ABC paulista para ampliar a fábrica de mentiras montada em sociedade com o amigo Mahmoud Ahmadinejad. “Todo mundo falava mal do Irã, mas ninguém tinha sentado no tête-à-tête”, reincidiu o campeão da gabolice. “Aquilo que os americanos não estavam conseguindo em 31 anos de negociações com o Irã o Brasil conseguiu em 18 horas de conversa”.

O Brasil não conseguiu coisa nenhuma. O presidente só conseguiu o de sempre: o papel de otário megalomitômano no espetáculo do cinismo. Lula nem imagina o que é fundamentalismo xiita, nunca ouviu falar do aiatolá Khomeini e talvez ignore que o regime instituído em 1979 fez a opção preferencial pelas cavernas em 1979. Mas sabe que o Irã não quer conversa com interlocutores sérios. Ele baixou em Teerã não como negociador, mas como cúmplice.

A discurseira na Volkswagen reafirma uma constatação e conduz a uma descoberta. Lula constatou que a política externa influencia, sim, o comportamento do eleitorado. E o Brasil que pensa descobriu que o presidente se faz de ingênuo por vigarice. Capricha na pose de mediador esforçado, iludido em sua boa fé pelos americanos, para apresentar Ahmadinejad como o bom moço enganado por vilões e, simultaneamente, apresentar-se como vítima da inveja de Barack Obama.

De volta aos palanques domésticos, Lula tenta agora transformar em vitória um fiasco e convencer plateias grávidas de credulidade de que só não foi promovido a pacificador do planeta por culpa de Hillary Clinton. É provável que muitos companheiros da Volks tenham engolido a farsa que já vai sendo desmontada em outros países. Em Israel, por exemplo, o candidato a secretário-geral da ONU já virou piada (veja o vídeo). É só o começo.

“Quanto mais mentiras nossos adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”, prometeu José Serra no primeiro discurso como candidato à presidência. É hora de riscar esse restritivo “sobre nós” e rechaçar sem reverências nem eufemismos qualquer tipo de mentira. No caso do Irã, por exemplo, Lula finge lidar com uma democracia como tantas, injustamente impedida pelo imperialismo ianque de recorrer à energia nuclear para melhorar a vida dos cidadãos.

É preciso destruir sem demora a fábrica de mentiras. Cumpre à oposição mostrar aos brasileiros o que o regime iraniano efetivamente é: uma ditadura singularmente brutal, que estupra os direitos humanos, frauda eleições, odeia a liberdade de expressão, prende, tortura e mata quem não capitula, sonha com a eliminação física de todos os inimigos, envergonha o mundo civilizado e afronta todo o tempo a consciência universal.

Regimes assim não negociam. Tramam. Não têm interlocutores. Têm comparsas.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CADÊ BÜLENT YILDIRIM? OU: OS JORNAIS AINDA QUEREM SABER PARA QUE SERVEM OS BLOGS?


Este é um texto mais sobre jornalismo, ideologia e escolhas editoriais do que sobre Israel. Acompanhem.
*
Os grandes jornais passam por uma grande reformulação. Todos decidiram colar na Internet. Excelente! Renderam-se à realidade. Mas não basta uma adesão formal. É preciso um pouco mais. Se não tiverem A CORAGEM DA REAL PLURALIDADE, de nada vai adiantar. Vão continuar a repetir online os erros que já cometem em letra impressa — entre eles o de reproduzir uma nova voz única: os supostos consensos globais.

Ainda querem saber para que servem os blogs? Os blogs de verdade, não os arremedos que estão surgindo e que nada mais são, na maioria das vezes, do que subprodutos do que vai em letra impressa? Então conto pra vocês.

Procurei hoje o nome de Bülent Yildirim nos jornais brasileiros. Não achei. Ou melhor: ele aparece em um texto — já digo em qual. Yildirim é o chefão da ONG turca IHH, ligada, no presente, ao Hamas e, tudo indica, no passado, aos jihadistas, incluindo a Al Qaeda. É a entidade que realmente organizou a tal flotilha. A ONG Free Gaza, da falastrona Greta Berlin, é só uma entidade que lava, com nome em inglês, a outra entidade de fachada do Hamas.

Quem noticiou isso ontem? Um blog. O meu. Está num post AH, ESSES HUMANISTAS!!! OU: QUERO LIDERAR UMA EXPEDIÇÃO HUMANITÁRIA AO IRÃ , publicado às 13h59. É um fato, não um chute. É uma realidade, não uma escolha ideológica. Pode-se ter sobre o bloqueio à Faixa de Gaza a opinião que se tiver. Eu, por exemplo, acho que ele faz sentido. Há quem não ache. Pode-se divergir a respeito. Mas não dá para ignorar o que é fato sobre a tal flotilha: uma armação do Hamas. Republico a foto de uma das muitas vezes em que Yildirim (à esquerda) se encontrou com Ismail Haniya, um dos terroristas que tiranizam os palestinos em Gaza.

yildirim

Onde é que Yildirim aparece nos jornais brasileiros? Num texto de Giora Becher, embaixador de Israel no Brasil. Curiosamente, ou nem tanto, seu artigo aparece sob a rubrica: “Análise/Outro Lado”. “Outro Lado” de quê? Na sua busca obsessiva pelo “equilíbrio”, a Folha revelava “o lado”, certo? E o lado do noticiário da Folha e de todo mundo era, naturalmente, anti-Israel. E é no “outro lado”, então, que escreve o embaixador:
“Durante a madrugada de 31 de maio, soldados da marinha israelense embarcaram em uma frota de seis navios que tentavam violar o bloqueio marítimo em Gaza. Militantes a bordo do Marmara Mavi atacaram os soldados com armamentos como pistolas, facas e paus, ferindo-os e deixando dois soldados em estado grave e três em estado moderado.
Os navios que reagiram de forma pacífica à operação foram escoltados ilesos, como acontecera anteriormente com navios que tentaram violar o bloqueio marítimo.
O ataque contra os soldados israelenses foi premeditado. As armas utilizadas foram preparadas com antecedência. Huwaida Arraf, um dos organizadores da flotilha, afirmou com antecedência ao evento: “Os israelenses vão ter que usar a força para nos parar”.
Bulent Yildirim, o líder do IHH (Fundo de Ajuda Humanitária) e um dos principais organizadores da frota, disse pouco antes do embarque: “Vamos resistir, e a resistência irá vencer”.

Os militantes incitaram a multidão embarcada gritando “intifada!”, relembrando a revolta dos palestinos na Cisjordânia e na faixa de Gaza em protesto à ocupação israelense entre 1987-1993 e novamente no ano 2000.
É preciso ressaltar que o grupo organizador das embarcações tem orientação antiocidental e radical. Juntamente com as suas legítimas atividades humanitárias, apoia redes islâmicas radicais como o Hamas e elementos da jihad global, como a Al Qaeda.
(…)
Os organizadores da frota deixaram claro que seu alvo principal era o bloqueio marítimo. Greta Berlin, porta-voz da frota, disse à agência de notícias AFT, em 27 de maio, que “esta missão não é sobre a entrega de suprimentos humanitários, mas [sobre] quebrar o cerco de Israel”.
(…)
Se, por um lado, os organizadores afirmam ter preocupação humanitária com os moradores de Gaza, por outro eles não têm preocupações semelhantes com o destino do soldado israelense sequestrado Gilad Shalit e se recusaram a fazer uma chamada pública para permitir que ele fosse visitado pela Cruz Vermelha em Gaza. Aqui

Outro lado?
Outro lado??? “Outro lado”, no jornalismo brasileiro, acabou se transformando, na prática, em “desculpa de culpado”. Quase vale por um: “Você é um tranqueira, mas tem o direito de dizer suas últimas palavras”. É uma espécie de “últimas palavras” antes da execução. Tomei o exemplo da Folha porque o embaixador escreveu lá. Mas vale para todos os jornais — é até pior onde ele não escreve, é óbvio.

Pergunta - Yidirim participou da organização da flotilha ou não?
Resposta - Sim.
Pergunta - Ele é um dos chefões da operação ou não?
Resposta - Sim.
Pergunta - Ele é ligado ao Hamas ou não?
Resposta - Sim.
Pergunta - Os soldados foram ou não atacados?
Resposta - Sim.
Pergunta - Houve insistentes pedidos para a mudança de destino da flotilha ou não?
Resposta - Sim.

Se é assim, cadê essas informações na nossa imprensa — e, em certa medida, na imprensa mundial? Duvido que o jornalismo dos países islâmicos tenha feito algo muito diferente do que fez o nosso.

“Ah, mas o bloqueio a Gaza é injusto!” Ah, é? Então vamos discutir essa questão, em vez de negar as evidências do que se deu em alto mar.

Só para encerrar
Na Folha, o embaixador escreveu a “Análise/Outro Lado”. E há também uma “Análise/Lado”, de Clóvis Rossi. Está lá:
“Em choques entre duas vontades de ferro, a maioria das vítimas será, sempre, do lado mais fraco.
É o que acontece na guerra permanente entre o Hamas e Israel: cada lado se mantém absolutamente inamovível em suas posições que, reduzidas a termo, significam aniquilar o outro. É óbvio que não pode haver acordo.
É igualmente óbvio que o lado mais fraco, o Hamas, aporta a maioria das vítimas, como ocorreu ontem no caso do ataque de Israel à chamada frota da paz.
Como aconteceu na invasão da faixa de Gaza, há um ano e meio.
No caso de ontem, os mortos e os feridos não eram propriamente do Hamas, mas militantes de ONGs simpáticas ao movimento palestino.”

Há aí, ao menos, a honestidade intelectual de reconhecer que se tratava de um bando (”bando”, digo eu) de simpatizantes do Hamas. Só tenho uma pequena correção a fazer, de grande importância na história recente do Oriente Médio. Nem sempre o mais forte vence (!?). Em 1967 e em 1973, Israel era inequivocamente mais fraco. Atacado nos dois casos, venceu. Por que venceu?

Como Israel queria a paz, estava preparado para a guerra. Como o outro lado só queria a guerra, nunca se preparou para a paz.


OS PIRATAS DA PAZ


O Diário do Comércio — informação para o leitor que não é desta cidade ou deste estado — é um jornal editado pela Associação Comercial de São Paulo. Faz as primeiras páginas mais criativas e sensatas (já que não adianta ser criativo e inconseqüente) da imprensa diária. Pois bem, ali encontrei o texto que segue depois da reprodução da primeira página:

capa-diario1

*
O choque entre a marinha israelense e a Flotilha da Liberdade levantou ondas de protesto e indignação no mundo e imediato tsunami condenatório sobre Israel. Mas a maré está baixando e emergem algumas verdades que naufragaram sob o peso do coro dos pacifistas - na verdade, piratas da paz.

A primeira verdade: rejeitados apelos e propostas para evitar o confronto, a Flotilha da Liberdade decidida a furar o bloqueio militar, comandos israelenses começaram a descer por corda de um helicóptero no navio turco Mavi Marmara. Um a um, os soldados foram recebidos pelos militantes dos direitos humanos a golpes de barra de ferro, facadas e pauladas. Um foi jogado ao mar. De outro retiraram o fuzil. Um linchamento, contido a tiros.

A segunda verdade: Israel se deixou cair na armadilha. A Flotilha da Liberdade, organizada pelo movimento Gaza Livre e a ONG turca Insani Yardim Vakfi, dispunha de um canal aberto pelos israelenses para levar sua ajuda humanitária até Gaza. Só ancorar em Ashdod, passar pela alfândega e seguir pela estrada, tão curta que os mísseis do Hamas a atravessam inteira. Mas não: Bülent Yildrim, o humanitário-pacifista-chefe turco, é amigão de Ismail Haniya, o chefão do Hamas. Aos dois conviriam alguns mártires. E agora eles os exibem ao mundo.

A terceira verdade. Por que abordar a Flotilha da Liberdade? Esta era uma pergunta que se fazia ontem em Israel, país de tantos estrategistas de guerra quantos de técnicos de futebol no Brasil. A marinha poderia simplesmente bloquear o caminho. Ante alguma insistência, elevar o tom: um disparo de advertência. Teimosia? Acertar as máquinas dos navios e deixá-los singrar a esmo nas turbulentas águas políticas do Oriente Médio. Yasser Arafat também quis navegar contra Israel. Em 1988, batizou um navio de O Retorno e o lotou de refugiados palestinos. O serviço secreto israelense o esperou ancorar em Chipre, escala também da Flotilha da Liberdade, e o sabotou ao ponto de só navegar a remo. Ironia do destino: Arafat partiu para o exílio num navio chamado Atlântida, o continente e sua Palestina perdidos. Uma opção final seria deixar um só dos seis navios ir até Gaza, sob escolta, sem considerar um precedente aberto.

A quarta verdade. Foi um massacre: durante o dia inteiro, o tsunami contra Israel rendeu bandeiras queimadas, protestos diante de embaixadas, passeatas, declarações oficiais de protesto e deixou até o nosso chanceler, Celso Amorim, “chocado”, ele que não se abala com os mortos de Teerã e nem de Cuba. Os israelenses sempre perdem a guerra de Hasbará, [termo] hebraico para “esclarecimento”. Quando pensam em esclarecer, o barulho da maioria automática do mundo árabe os sufoca. Em qualquer situação, serão culpados.

Uma Flotilha da Liberdade jamais tentará aportar no Irã, na Coréia do Norte ou em Havana. Há pouco tempo, os turcos ameaçavam romper com Israel se não recebessem armas israelenses que compraram.

São as contradições israelenses. Uma é armar o seu próprio inimigo. Outra: ontem à noite, membros do Conselho de Segurança da ONU pediram que Israel acabe com o bloqueio a Gaza - e foi o que Israel fez, exatamente, em 2005, para então virar o alvo de uma chuva constante de mísseis contra sua população civil, e daí o bloqueio e a Flotilha da Liberdade.